A cidade de Assis Brasil, no Alto Acre, tem se tornado um importante ponto de entrada para migrantes venezuelanos no país. De acordo com os dados atualizados até outubro deste ano, quase quatro mil pessoas da Venezuela entraram no estado acreano.
Esse número representa um aumento significativo em relação a anos anteriores, como 2020 e 2021, quando foram registrados 572 e 1.862 venezuelanos, respectivamente. Dessa forma, os venezuelanos se tornaram o maior grupo estrangeiro a ingressar no Brasil pela fronteira com o Acre, superando os haitianos.
Essa situação tem se tornado uma crise, pois há um número elevado de pessoas nos abrigos de acolhimento em municípios como Rio Branco e Assis Brasil. José Antônio Garcia, venezuelano de 30 anos, entrou no Acre em 2018, antes da crise migratória, em busca de melhores oportunidades de trabalho. Ele conta que teve uma boa estadia no estado, graças à hospitalidade das pessoas e à cultura local. Após quatro anos no Acre, José se mudou para São Paulo em busca de novos horizontes, mas afirma que ainda guarda carinho pelo estado.
No entanto, a situação dos migrantes venezuelanos não é fácil. Além das dificuldades enfrentadas com o idioma e a busca por emprego, há o risco de se colocarem em situações de perigo ao desconhecerem pessoas e lugares. O governo do Acre alertou para uma possível nova crise migratória após um decreto do Peru que pretende deportar imigrantes sem documentação. Diante disso, o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública da União enviaram uma recomendação ao governador do Acre para elaborar um plano de acolhimento humanitário de novos migrantes até o final de outubro.
O estado do Acre é o único que possui um protocolo para atendimento à população migrante e conta com um serviço de acolhimento municipalizado. Medidas de contingência estão sendo discutidas para lidar com a chegada de novos migrantes.