Grupo de empresas pela igualdade expulsou Carrefour por reincidência e gravidade


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Brasil Econômico

joão alberto assassinato carrefour porto alegre
Reprodução/Twitter

João Alberto foi morto por dois homens brancos no Carrefour

A Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, grupo com mais de 70 empresas signatárias,  decidiu expulsar o Carrefour do projeto após João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, ser espancado até a morte por seguranças de uma unidade da rede de supermercados em Porto Alegre na última quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra.

Raphael Vicente, advogado e coordenador-geral da entidade, afirma, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo , que a rede varejista não tomou ações suficientes para evitar o assassinato e permitiu um novo caso de uso de violência em uma de suas lojas pelo Brasil, desta vez ainda marcado pelo racismo .

“Ações do Carrefour para promover igualdade não foram suficientes para evitar tragédia”, afirmou o coordenador da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial . “A gente está diante de um fato extremamente grave e de algo que já foi dito e debatido pelo Carrefour, que é a recorrência dos fatos. Diante da forma do ocorrido, a gente não tinha outra opção senão desligar nosso membro signatário”, explicou Vicente.

“Ser membro signatário da Iniciativa é se comprometer publicamente e por escrito com nossos dez compromissos pela promoção da igualdade racial. O Carrefour é um dos nossos membros mais antigos, mas ainda assim as ações não foram suficientes para evitar uma tragédia como essa”, lamentou.

Vicente, que é também coordenador da Faculdade Zumbi dos Palmares, disse que o número de negros em posições de liderança ainda é muito pequeno no Brasil. Ele lamentou e discordou das falas de  Hamilton Mourão e Jair Bolsonaro , negando o racismo no país. Para o coordenador da iniciativa que expulsou o Carrefour, as empresas demoram a perceber que as coisas estão mudando. “O Estado brasileiro caminhou muito mais rápido que as empresas”, afirmou. Ele cita, por exemplo, as cotas raciais e diz que muitas outras iniciativas comprovam que o setor privado demora muito mais para agir nesse sentido.

O coordenador da iniciativa rechaça as posições do governo sobre o Brasil não ser racista, e sim desigual, e argumenta citando que há algo em torno de 26% de negros nas empresas e somente 6% em cargos de liderança. “Há essa escadinha, começa com um número alto de estagiários, supervisor, e quando chega em gerente estamos na casa dos 8%. Quando sobe mais um pouco já desaparece”.

“O racismo no Brasil é tão sofisticado que ele não precisa de leis e de placas, diferentemente do que foi nos Estados Unidos e da África do Sul. Ele é sutil na sua apresentação e tem resultados extremamente potentes”, explicou.

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