
Rogério Jeremias de Simone, conhecido como “Gegê do Mangue”, foi um dos principais líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do Brasil. Nascido em 26 de fevereiro de 1971, no bairro do Mangue, na zona leste de São Paulo, Gegê teve uma infância marcada pela marginalidade típica das periferias urbanas, onde o crime muitas vezes se impõe como alternativa de sobrevivência.
Desde jovem, envolveu-se com pequenos delitos e, ainda na juventude, já participava de assaltos a banco e a carros-fortes. A frequência com que era preso o aproximou do sistema prisional paulista, onde encontrou terreno fértil para ascender no mundo do crime. Foi dentro da cadeia que se vinculou ao PCC, organização fundada em 1993 por detentos que buscavam maior controle e proteção dentro das unidades prisionais.
Gegê não era apenas mais um integrante. Com perfil articulador e postura de liderança, tornou-se uma peça-chave na conexão entre presos e criminosos em liberdade. Participava de decisões estratégicas e era considerado o número dois da facção, abaixo apenas de Marcola, o chefe máximo da organização.
Mesmo preso, continuava a dar ordens, controlar rotas de tráfico e movimentar grandes somas de dinheiro. Em 2017, conseguiu progressão de regime e foi libertado. A partir daí, passou a levar uma vida de ostentação, fixando residência no Ceará sob identidade falsa. Essa exposição, em desacordo com o perfil discreto que a facção exige de seus líderes, somada a suspeitas de desvio de dinheiro, selou seu destino.
Em 15 de fevereiro de 2018, Gegê foi executado com vários tiros numa área de reserva indígena em Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza. Ao lado dele, também foi morto Fabiano Alves de Souza, o Paca, outro integrante de alto escalão do PCC. O crime foi tratado como uma execução interna, autorizada por Marcola, e realizada com métodos profissionais, incluindo o uso de um helicóptero para fuga dos executores.
A morte de Gegê expôs rachaduras no PCC e marcou uma nova fase na organização: mais hierarquizada, mais impiedosa com quem rompe acordos internos, e mais próxima de uma estrutura mafiosa. Sua trajetória é um retrato de como o poder no crime organizado pode ser violento, lucrativo e, ao mesmo tempo, extremamente instável.
*Amaro Alves foi repórter de polícia até se aposentar, em 2009; vive atualmente em Belém (PA), de onde escreve com exclusividade para oacreagora.com