A campanha do PT para isentar o presidente Lula de responsabilidade sobre as fraudes bilionárias no INSS fracassou nas redes sociais. Com cinco vídeos publicados durante a semana na série “Verdade sobre o INSS”, o partido teve baixa repercussão: nenhum dos conteúdos publicados no X (antigo Twitter) passou de 4,5 mil visualizações. No Instagram, o vídeo com maior alcance somava 63 mil views — números muito abaixo de qualquer viralização.
A narrativa construída tenta responsabilizar o governo anterior, de Jair Bolsonaro, pelas irregularidades no INSS e retratar a gestão Lula como responsável por reparar os danos. Os episódios abordam congelamentos de benefícios, descontos indevidos em aposentadorias, avanço das fraudes na gestão anterior e envolvimento de chefias do INSS com esquemas ilícitos.
As fraudes foram reveladas pelo jornalista Luiz Vassalo e resultaram em investigações conduzidas por auditores da Controladoria-Geral da União (CGU) e agentes da Polícia Federal. Os primeiros registros de irregularidades ocorreram em 2019, durante o governo Bolsonaro, mas os descontos indevidos se intensificaram nos anos seguintes. Em abril de 2025, segundo o governo, os descontos mensais — que atingiam 6 milhões de aposentados e somavam R$ 6,3 bilhões — foram suspensos.
Nikolas viraliza e impõe derrota narrativa ao PT
Enquanto os vídeos petistas passaram despercebidos, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) dominou a discussão digital. Em apenas 24 horas, o vídeo em que ele critica a atuação do governo Lula no caso do INSS atingiu 100 milhões de visualizações e ultrapassou 5 milhões de curtidas.
Na gravação, Nikolas repete a fórmula que usou no episódio do Pix, responsabiliza diretamente o governo federal pelos descontos e diz que “o dinheiro do povo tem que ser devolvido”. Apesar do sucesso nas redes, o vídeo distorce a linha do tempo dos fatos para minimizar a responsabilidade do governo Bolsonaro nos desvios.
Tensão no Senado expõe passividade do governo
O caso foi alvo de debate na Comissão de Transparência do Senado. O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, atribuiu a responsabilidade ao governo anterior, mas foi confrontado pelo senador Sergio Moro (União Brasil-PR), que relembrou que, em junho de 2023, conselheiros do Conselho Nacional de Previdência Social já haviam relatado os descontos indevidos.
Na ocasião, Wolney era integrante da reunião, mas o então ministro Carlos Lupi ignorou o pedido da conselheira Tônia Galleti para que o tema fosse debatido. O assunto só voltou à pauta no ano seguinte.
“O senhor ouviu na reunião, foi informado sobre as fraudes, e não fez nada”, afirmou Moro. Wolney retrucou: “Eu não tinha que fazer nada, não”. Moro respondeu: “Vossa excelência era pessoa de confiança de Carlos Lupi e continua no ministério”.
Fonte: O Antagonista