Estupros crescem pelo quinto ano seguido e 2025 já bate recorde no Acre

O Acre encerra os dez primeiros meses de 2025 com um dado que acende um alerta grave: o estado registrou 956 casos de estupro entre janeiro e outubro, o maior volume para esse período em cinco anos. Os números fazem parte do Painel de Acompanhamento de Registros de Estupros e Estupros de Vulneráveis do Ministério Público do Acre, consultado neste sábado (22).

A trajetória recente mostra que o avanço da violência sexual não é pontual nem isolado. Em 2021, o mesmo intervalo registrava 503 ocorrências. Desde então, o crescimento foi ininterrupto: 667 casos em 2022, 736 em 2023 e 844 em 2024, até chegar ao recorde atual.

O cenário é ainda mais preocupante quando comparado ao acumulado anual. Com apenas dez meses computados, 2025 já se aproxima — e tende a superar — os totais fechados de anos anteriores: 592 casos em 2021, 810 em 2022, 889 em 2023 e 1.044 em 2024. Mantido o ritmo mensal, o fechamento deste ano deve ultrapassar com folga todos os marcos anteriores da série.

A vulnerabilidade das vítimas também impressiona. Em 2025, 80,33% dos registros envolvem crianças e adolescentes, enquanto 19,67% dizem respeito a vítimas não vulneráveis. O dado reforça a persistência de um padrão já conhecido pelas autoridades: a violência sexual no estado atinge majoritariamente quem menos consegue se defender.

A distribuição geográfica dos casos evidencia forte concentração na capital. Rio Branco responde por 37,13% de todos os registros do ano, com 355 ocorrências. Em seguida aparece Cruzeiro do Sul, com 172 casos, equivalente a 17,99%. As demais cidades apresentam números menores, mas compõem um mapa que revela a presença do problema em praticamente todo o território estadual.

Confira os registros de janeiro a outubro de 2025:

Rio Branco – 355
Cruzeiro do Sul – 172
Tarauacá – 58
Sena Madureira – 47
Feijó – 29
Epitaciolândia – 25
Acrelândia – 24
Bujari – 24
Senador Guiomard – 23
Porto Acre – 22
Plácido de Castro – 20
Assis Brasil – 19
Capixaba – 19
Brasiléia – 18
Mâncio Lima – 17
Manoel Urbano – 16
Xapuri – 16
Marechal Thaumaturgo – 14
Rodrigues Alves – 13
Jordão – 12
Porto Walter – 8
Santa Rosa do Purus – 5

Os dados mostram que a violência sexual no Acre se tornou um fenômeno crescente, distribuído e persistente. Não é brusca variação estatística: é tendência consolidada. E, diante da proporção de vítimas vulneráveis, reforça um desafio que exige estrutura, prevenção e capacidade de resposta muito além da repressão imediata.

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