Dinheiro de decoração de Natal foi desviado para compra de BMW, diz PF

A imprensa nacional se volta mais uma vez para o governador do Acre, Gladson Cameli, acusado pela Polícia Federal e outros órgãos de controle de chefiar uma organização criminosa.

Nesta quarta-feira (29), o jornal o Estado de S. Paulo publicou matéria segundo a qual o governador acreano teria desviado dinheiro de decoração natalina para comprar uma BMW.

De acordo com a PF, o esquema data de 2020, quando o acreagora.com denunciou, com exclusividade, que a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) havia assinado contrato no valor de R$ 1.272.962,80 para a decoração de natal.

Ainda segundo o Estadão, parte desse dinheiro foi revertido na entrada da BMW da então esposa de Gladson, Ana Paula Cameli.

Leia a reportagem:

A Polícia Federal vê ‘indícios robustos’ de direcionamento e corrupção em contrato da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Regional do Acre para ‘decoração natalina’ em Rio Branco, em dezembro de 2020. Segundo os investigadores da Operação Ptolomeu, em sua terceira fase, os valores desviados em tal acerto foram usados para pagar R$ 110 mil de entrada de uma BMW X4 para a primeira-dama Ana Paula Cameli.

A PF crava que está ‘cabalmente comprovado’ o recebimento de R$ 10 mil em propina por Fernando Daniel, então diretor da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Regional do Acre, em troca do direcionamento do contrato de decoração natalina à empresa Atlas.

A Polícia Federal vê ‘indícios robustos’ de direcionamento e corrupção em contrato da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Regional do Acre para ‘decoração natalina’ em Rio Branco, em dezembro de 2020. Segundo os investigadores da Operação Ptolomeu, em sua terceira fase, os valores desviados em tal acerto foram usados para pagar R$ 110 mil de entrada de uma BMW X4 para a primeira-dama Ana Paula Cameli.

A empresa que fechou o contrato com o governo do Acre está no centro das investigações da Operação Ptolomeu – no último dia 9, quinta-feira, o Superior Tribunal de Justiça autorizou a terceira fase da operação que põe sob suspeita o governador Gladson Cameli.

Segundo a PF, há ‘quadro de evidente favorecimento’ da Atlas em diversos procedimentos e contratos milionários com várias secretarias estaduais do Acre.

A PF aponta ‘indícios claros de corrupção’ em conversas do representante da companhia com interlocutores que ocupam cargos do alto escalão no governo do Estado – secretários, diretores, presidente de autarquia e outros.

As investigações inicialmente se debruçaram sobre dois contratos que, de acordo com a PF, geraram mais de 70% do total empenhado pelo governo à empresa sob suspeita. Depois, os agentes chegaram ao contrato de decoração natalina.

Os primeiros acertos, com a Secretaria de Infraestrutura e a Secretaria de Educação e Esportes, ‘abriram janelas de oportunidades para que as outras secretarias/órgãos utilizassem o instituto da carona e contratassem a empreiteira sem a realização de certames licitatórios’, narram os investigadores.

A Polícia Federal suspeita do envolvimento de secretários e diretores que integraram as Secretarias de Infraestrutura e Esportes do Acre e foram realocados para os quadros da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Regional e da Secretaria de Saúde, ‘gerando caronas’.

Os investigadores da Ptolomeu explicam como se dava a ‘carona’ citando o contrato de decoração natalina da capital acreana em 2020. A fraude na contratação era operada em seu ‘nascedouro’, ainda na licitação, com o direcionamento do edital para a empresa Atlas.

A Ata de Registro de Preços foi usada no ano seguinte, em dezembro de 2021, pela Secretaria da Casa Civil, a Secretaria de Turismo, uma fundação vinculada ao Acre e pela prefeitura de Cruzeiro do Sul, no interior do Estado, visando a contratação da Atlas para prestação do mesmo serviço, indicam os achados da Operação Ptolomeu.

Assim, segundo a PF, a fraude licitatória levou a Atlas a receber quase quatro vezes o valor do primeiro contrato. “Ficou constatado que somente o contrato 048/2020 – SEDUR/SEINFRA gerou para a empresa ATLAS a dotação de R$ 3.994.030,80, sendo R$ 1.272.962,80 diretamente e R$ 2.271.068,00 indiretamente (através de ‘caronas’)”, assinala a PF.

Os investigadores apontam que tal cenário vai ‘absolutamente ao encontro’ do que afirmou o representante da empresa ao então diretor da Secretaria de Desenvolvimento Urbano em troca de mensagens sobre a planilha de composição de custos para elaboração do edital da licitação. ‘(…) na hora que eu termino as composições aí é show, serve pra todos, entendeu?”, afirmou o primeiro.

Ao detalhar as tratativas mantidas entre o então diretor da Secretaria Fernando Daniel e o representante da Atlas Rudilei Soares de Souza, o ‘Rudilei Estrêla’, a PF cita caso em que o primeiro teria intercedido em favor do empresário na Secretaria de Fazenda do Acre.

Segundo a Operação Ptolomeu, o servidor público obteve informações de que o ‘próprio governador criou o processo de pagamento’ e então informa que haveria a ‘liberação de forma tempestiva’ à empresa.

Para os investigadores, o ocorrido é um ‘denso indício’ de que Cameli ‘tinha interesse direto nas negociações’ que se davam entre Fernando Daniel e ‘Rudilei Estrêla’.

Ainda de acordo com os autos da Operação Ptolomeu, esse mesmo pagamento serviu de lastro para transferência realizada a uma outra empresa de ‘Estrêla’, para liquidar a entrada na BMW X4 – de R$ 520 mil – comprada pelo governador.

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