O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , sugeriu em publicação nas suas redes sociais que a pressão do Congresso para sua demissão teria ligação com o debate sobre o banimento ou não da empresa chinesa Huawei da implantação da tecnologia 5G no Brasil e não a alegada ineficiência da diplomacia para a obtenção de vacinas contra a Covid-19 .
Araújo afirmou ter sido procurado pela presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), no início do mês e que “pouco ou nada se falou de vacina”. Em artigo neste domingo no GLOBO, a senadora pede apoio internacional ao Brasil para conseguir lidar com a pandemia e afirma que o Itamaraty tem hoje uma “arrogância subalterna”.
“Em 4/3 recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado. Não fiz gesto algum. Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria”, publicou Ernesto Araújo.
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Depois da publicação, Kátia Abreu divulgou uma nota à imprensa rebatendo Araújo. “O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal. Alguém que insiste em viver à margem da boa diplomacia, à margem da verdade dos fatos, à margem do equilíbrio e à margem do respeito às instituições. Alguém que agride gratuitamente e desnecessariamente a Comissão de Relações Exteriores e o Senado Federal”, escreveu a senadora.
Críticas à política externa e às estratégias adotadas por Araújo incluem a deterioração das relações com a China , principal parceira comercial do Brasil desde 2009. Agora, o país asiático também desponta como fornecedor de insumos para a produção da vacina de Oxford/Astrazeneca , fabricada junto à Fundação Oswaldo Cruz ( Fiocruz ), e da CoronaVac , desenvolvida pela Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan .
Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), têm feito duras críticas ao chanceler e pressionam o presidente Jair Bolsonaro a demiti-lo. Para o Centrão, o ministro impõe obstáculos à compra de vacinas da China e da Índia. Além disso, a troca no comando do Itamaraty ajudaria a destravar negociações e a agilizar a imunização no país, que caminha a passos lentos em meio ao colapso do sistema de saúde e ao aumento exponencial no número de infectados e vítimas fatais.
Bolsonaro resiste a demitir o chanceler . Na sexta-feira (26), ele questionou a Pacheco se seria suficiente para acalmar os ânimos a demissão do assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins. O integrante da ala ideológica do governo fez um gesto apontado como uma referência a supremacistas brancos durante uma sessão no Senado e desencadeou uma nova crise com o Legislativo.