Equipe econômica fixa meta fiscal com deficit de R$ 247,1 bi no projeto de LDO


Ao encaminhar nesta terça-feira (15) uma atualização  da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a equipe econômica do governo federal fixou a meta de deficit primário para 2021 em R$ 247,1 bilhões. O Congresso Nacional analisará o texto na quarta-feira (16).

Em abril, ao entregar a primeira versão da proposta (PLN 9/2020), o Ministério da Economia havia sugerido meta fiscal flexível. O valor seria alterado ao longo do ano, conforme a evolução das receitas ante o teto de gastos, já definido em R$ 1,486 trilhão.

Na época, o governo argumentou que a pandemia de coronavírus criou dificuldades para avaliação do cenário econômico futuro. Já na apresentação da proposta de LDO, foram feitos alertas para a necessidade de ajustes no texto, formalizados agora.

Além disso, o Tribunal de Contas da União (TCU) questionou a hipótese de meta flexível, uma inovação na prática das contas públicas. Além de inconstitucional, para o TCU essa ideia afronta a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que exige meta fixa.

O novo resultado primário — receitas menos despesas antes do pagamento de juros — equivale a 2,96% do produto interno bruto (PIB) projetado para 2021, de R$ 8,35 trilhões. Também supera os R$ 233,6 bilhões citados na proposta de Orçamento (PLN 28/2020).

Essa meta fiscal considera o governo central — Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social. Neste ano, devido aos gastos em razão da covid-19, o deficit primário do governo central deve chegar a R$ 844,6 bilhões (11,7% do PIB).

Pelo terceiro ano consecutivo, o Executivo incluiu dispositivo para contornar a chamada “regra de ouro”. A Constituição proíbe a realização de operações de crédito (emissão de títulos públicos) que excedam as despesas de capital (investimentos e amortizações).

Salário mínimo

Na nova versão do projeto da LDO, o salário mínimo em janeiro próximo deverá passar dos atuais R$ 1.045 para R$ 1.088. Essa correção considera a estimativa da inflação acumulada neste ano conforme o INPC, de 4,1%.

Conforme o texto original do projeto de LDO, cada R$ 1 a mais no salário mínimo eleva as despesas líquidas em R$ 304,9 milhões no ano. Já o aumento de 0,1 ponto percentual no INPC gera impacto líquido de R$ 720,8 milhões.

Outros parâmetros econômicos para 2021 foram todos corrigidos em relação aos de abril:

  • a taxa de crescimento real do PIB oscilou de 3,3% para 3,2%;
  • a inflação medida pelo IPCA e acumulada no ano baixou de 3,6% para 3,2%;
  • a taxa de juros Selic, na média anual, caiu de 4,4% para 2,1%; e
  • a taxa de câmbio média no ano, antes prevista em R$ 4,30 por dólar, foi a R$ 5,30.

Rito sumário

Fato inédito, a proposta de LDO será analisada neste ano diretamente pelo Congresso Nacional, sem parecer da Comissão Mista de Orçamento (CMO). As sessões remotas reunirão separadamente deputados e senadores, nos termos do rito sumário adotado na pandemia.

Conforme o rodízio anual entre Câmara e Senado, neste ano a relatoria da proposta de LDO cabe a um senador. O PSD, com base em acordos partidários prévios, indicou o senador Irajá (TO). Meses atrás ele afirmou que já estava com o parecer encaminhado.

Lei orientadora

Com vigência anual, a LDO orienta a elaboração do Orçamento e a posterior execução, já no exercício seguinte. Pela Constituição, o Executivo deve enviar a proposta até 15 de abril, e o Congresso precisa aprová-la até 17 de julho (o que não ocorreu em 2020).

Além da meta fiscal, a LDO define regras sobre as ações prioritárias, acerca da transferência de recursos federais para os entes federados e o setor privado e para a fiscalização de obras executadas com recursos da União, entre outras.

Da Agência Câmara de Notícias

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Gostou deste artigo?

Facebook
Twitter
Linkedin
WhatsApp

© COPYRIGHT O ACRE AGORA.COM – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. SITE DESENVOLVIDO POR R&D – DESIGN GRÁFICO E WEB