Entenda: estudo diz que pensar demais intoxica o cérebro

Muito tempo pensando aumenta chances de intoxicação no cérebro
Robina Weermeijer / Unsplash

Muito tempo pensando aumenta chances de intoxicação no cérebro

Ficar sentado pensando muito por horas faz com que você também se sinta esgotado. Se você passa muito tempo “torrando os neurônios” provavelmente já chegou a essa conclusão. Agora, pesquisadores têm novas evidências para explicar por que isso acontece.

Um estudo, publicado recentemente na revista científica Current Biology, mostra que o trabalho cognitivo intenso prolongado — por volta de 4 a 5 horas —, faz com que subprodutos potencialmente tóxicos se acumulem na parte do cérebro conhecida como córtex pré-frontal.

Isso altera seu controle sobre as decisões, fazendo com que você procure — involuntariamente — por caminhos que exijam menos esforço à medida que a fadiga cognitiva se instala, explicam os pesquisadores.

“Teorias influentes sugeriram que a fadiga é uma espécie de ilusão inventada pelo cérebro para nos fazer parar o que estamos fazendo e nos voltarmos para uma atividade mais gratificante”, diz um dos autores do estudo, o pesquisador Mathias Pessiglione, da Universidade Pitié-Salpêtrière, em Paris, na França, em comunicado. “Mas nossas descobertas mostram que o trabalho cognitivo resulta em uma verdadeira alteração funcional, com acúmulo de substâncias nocivas. Então a fadiga seria de fato um sinal que nos faria parar de trabalhar, mas com um propósito diferente: preservar a integridade do funcionamento do cérebro”.

Pessiglione e colegas queriam entender o que realmente é a fadiga mental. Enquanto as máquinas podem computar continuamente, o cérebro não pode. Eles queriam descobrir o porquê. Os cientistas suspeitavam que o motivo tinha a ver com a necessidade de reciclar substâncias potencialmente tóxicas que surgem da atividade neural .

Para procurar evidências disso, eles usaram a espectroscopia de ressonância magnética para monitorar a química do cérebro ao longo de um dia de trabalho. Eles analisaram dois grupos de pessoas: aqueles que precisavam pensar muito e aqueles que tinham tarefas cognitivas relativamente mais fáceis.

Os pesquisadores viram sinais de fadiga, incluindo dilatação reduzida da pupila, apenas no grupo que fazia trabalho pesado. Os integrantes deste grupo também mostraram, em suas escolhas, uma mudança para opções que propunham recompensas em curto prazo com pouco esforço.

Criticamente, eles também tinham níveis mais altos de glutamato (neurotransmissor excitatório que possui papel fundamental no mecanismo de algumas doenças neurodegenerativas) nas sinapses do córtex pré-frontal do cérebro.

Juntamente com evidências anteriores, os autores dizem que isso apoia a noção de que o acúmulo de glutamato torna a ativação adicional do córtex pré-frontal mais cara, de modo que o controle cognitivo é mais difícil após um dia de trabalho mentalmente difícil.

Segundo Pessiglione, não há uma maneira de contornar essa limitação da capacidade do nosso cérebro de pensar muito. O especialista indica as “boas e velhas receitas: descansar e dormir”.

“Há boas evidências de que o glutamato é eliminado das sinapses durante o sono”, disse.

Fonte: IG SAÚDE

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