Elias Pereira da Silva, conhecido como Elias Maluco, foi um dos traficantes mais temidos e conhecidos do Brasil, com uma trajetória que deixou marcas profundas no combate ao crime organizado. Seu nome ganhou notoriedade nacional em 2002, quando foi condenado pelo assassinato brutal do jornalista Tim Lopes, crime que chocou o país e revelou a crueldade do submundo do tráfico de drogas.
Nascido no Rio de Janeiro em 1966, Elias Maluco cresceu em um ambiente de vulnerabilidade social, em comunidades marcadas pela pobreza e violência. Sua ascensão no Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do Brasil, aconteceu na década de 1990, quando ele se tornou um dos líderes da facção no Complexo do Alemão. Elias era conhecido por sua inteligência estratégica, frieza e crueldade, características que o destacaram no universo do tráfico.
Comandando uma extensa rede de distribuição de drogas e armas, Elias Maluco controlava comunidades inteiras com mão de ferro, utilizando o terror para manter o poder. Sua liderança no tráfico e a capacidade de escapar da polícia o tornaram uma figura quase mítica no submundo do crime.
O assassinato de Tim Lopes
A escalada de notoriedade de Elias Maluco veio acompanhada de um crime bárbaro. Em 2002, o jornalista Tim Lopes, da TV Globo, investigava a exploração sexual de menores e a realização de bailes funk promovidos por traficantes no Complexo do Alemão. Durante uma reportagem disfarçada, Tim foi descoberto, capturado e submetido a torturas antes de ser brutalmente assassinado a mando de Elias Maluco.
O caso gerou indignação nacional e colocou Elias no topo da lista de procurados pelas autoridades. Após uma caçada policial intensa, ele foi preso em setembro de 2002, em uma operação que mobilizou grande aparato de segurança no Rio de Janeiro.
Elias Maluco foi condenado a 28 anos de prisão pelo assassinato de Tim Lopes, além de outras condenações relacionadas ao tráfico de drogas e associação criminosa. Durante os anos que passou detido, Elias continuou a exercer influência no crime organizado, utilizando mensagens codificadas para se comunicar com integrantes do Comando Vermelho fora dos presídios.
Em 2020, a história de Elias teve um fim inesperado. Ele foi encontrado morto em sua cela no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. As circunstâncias da morte, inicialmente investigadas como suicídio, geraram especulações sobre possíveis disputas internas na facção ou outras motivações. O caso permanece envolto em mistério.
*Amaro Alves foi repórter de polícia até se aposentar, em 2009; vive atualmente em Belém (PA), de onde escreve com exclusividade para oacreagora.com