
Poucos criminosos causaram tanto impacto na história criminal quanto Ted Bundy. Considerado um dos serial killers mais notórios dos Estados Unidos, Bundy chocou o país não apenas pelo número de vítimas, mas pela frieza, manipulação e aparência de “homem comum” que usava para atrair suas vítimas. Entre 1974 e 1978, ele matou pelo menos 30 mulheres, embora o número real possa ser ainda maior.
Nascido em 1946, em Burlington, Vermont, Theodore Robert Bundy teve uma infância marcada por segredos e incertezas. Durante anos, ele acreditou que sua mãe era sua irmã e que seus avós eram seus pais. Essa mentira foi descoberta mais tarde, o que teria contribuído para a instabilidade emocional de Bundy. Ainda jovem, demonstrava traços de comportamento problemático, incluindo furtos e um crescente interesse por violência e pornografia violenta.
Apesar disso, ele se formou em Psicologia na Universidade de Washington e chegou a estudar Direito, apresentando-se como um jovem educado, carismático e ambicioso. Sua inteligência e charme foram suas maiores armas para encobrir sua natureza assassina.
Bundy tinha um modus operandi bem definido: geralmente, ele fingia estar machucado, usando muletas ou um gesso falso para pedir ajuda a mulheres em locais públicos, como bibliotecas e estacionamentos. Quando uma vítima se aproximava para ajudá-lo a carregar livros ou entrar no carro, ele a atacava, levando-a para um local isolado onde cometia seus crimes brutais.
A maioria de suas vítimas eram mulheres jovens, muitas delas estudantes universitárias. Bundy se aproveitava de sua aparência e eloquência para se passar por um homem confiável, o que facilitava suas abordagens. Depois do assassinato, ele frequentemente retornava às cenas do crime para reviver o momento e, em alguns casos, cometer necrofilia.
Fugas cinematográficas
Ted Bundy foi preso pela primeira vez em 1975, quando a polícia encontrou ferramentas suspeitas em seu carro. Embora tenha sido condenado a uma pena menor inicialmente, ele conseguiu escapar da prisão em duas ocasiões. Na primeira fuga, em 1977, ele pulou de uma janela do tribunal no Colorado e conseguiu se manter foragido por seis dias antes de ser recapturado.
Poucos meses depois, em 1978, ele conseguiu escapar novamente ao serrar a grade de ventilação da cela e fugir pelo teto da cadeia. Em liberdade, Bundy cometeu um dos ataques mais brutais de sua trajetória, invadindo a irmandade feminina Chi Omega, na Flórida, onde matou duas mulheres e feriu outras três.
A última prisão de Ted Bundy ocorreu em 15 de fevereiro de 1978, na Flórida. O julgamento foi um espetáculo midiático, sendo um dos primeiros nos EUA a ser televisionado. Bundy decidiu atuar como seu próprio advogado, usando seu charme para manipular a opinião pública. Muitas mulheres chegavam a comparecer ao tribunal fascinadas por ele, algumas até enviando cartas de amor.
Apesar de sua defesa arrogante, as provas eram incontestáveis. Bundy foi condenado à morte em 1980, após um julgamento repleto de reviravoltas e depoimentos chocantes. Durante seu tempo no corredor da morte, finalmente admitiu seus crimes e confessou o assassinato de pelo menos 30 mulheres.
Ted Bundy foi executado na cadeira elétrica em 24 de janeiro de 1989, na prisão estadual da Flórida. Do lado de fora, uma multidão comemorava, segurando cartazes com mensagens como “Queime, Bundy, queime!”. Seu nome se tornou sinônimo de frieza e manipulação, sendo amplamente estudado por criminologistas e retratado em livros, documentários e filmes.
O caso de Ted Bundy continua sendo um dos mais assustadores da história criminal. Ele demonstrou como um assassino pode se esconder à vista de todos, explorando a confiança das pessoas para cometer crimes terríveis. Seu legado sombrio permanece como um alerta de que nem sempre os monstros têm a aparência que esperamos.
*Amaro Alves foi repórter de polícia até se aposentar, em 2009; vive atualmente em Belém (PA), de onde escreve com exclusividade para oacreagora.com