Caso Lázaro Barbosa: serial killer tinha mesmo pacto com Satanás?

A caçada ao maníaco assassino Lázaro Barbosa terminou na última segunda-feira (28) sem uma resposta definitiva sobre seu suposto pacto com o diabo. Não, não se trata de questão comezinha, leitor. O assunto ganhou as redes sociais e as manchetes. E o povo nas ruas não falava de outra coisa.

Fotos e vídeos (em um dos quais a silhueta de Lázaro supostamente aparecia num telhado, iluminada por um relâmpago) foram compartilhados às centenas. Talvez aos milhares. Uma das imagens – soube-se depois – era de um terreiro de macumba visitado pela polícia, nos arredores da região onde as buscas se desenrolavam. Dela se dizia ser de um ritual feito pelo meliante, o que se provou inexato.

Houve ainda montagens grosseiras, certamente por parte de pessoas ávidas por curtidas e visualizações. Como a que mostrava uma sombra a esgueirar-se no pasto, a dez metros das viaturas policiais. Bobagem pura.

Os vinte dias de caçada ao criminoso, que mobilizou cerca de 300 integrantes da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Diretoria Penitenciária de Operações Especiais e Corpo de Bombeiros Militar, contribuíram para a fama macabra do procurado. Quanto mais os dias se passavam, mais se consolidava a impressão de que a polícia buscava uma assombração.

A ideia de que estaríamos diante de um adorador do demônio, especializado nas artes da ocultação e da fuga, acabou tonificada pela declaração de uma tia do serial killer, segundo a qual ele não seria capturado enquanto ela vivesse. Foi.

A julgar que o maníaco tinha de fato algum pacto sinistro, é de se crer que nem o tinhoso é páreo para as forças policiais. Quando quer e se empenha, a polícia é capaz de achar até o capeta.

Lázaro estava marcado para morrer, conforme comprovou seu cadáver cravejado de balas. E nem mesmo a organização criminosa que aterrorizou a pequena cidade de Nova Bandeirantes, a 997 km de Cuiabá, quando em junho investiu contra duas cooperativas de crédito, fazendo vários reféns e roubando considerável quantia, foi perseguida por tantos policiais. Segundo a imprensa, mais de 120 homens os procuravam. Seis estão mortos, sendo que o último deles tombou em confronto três dias atrás.

Essa desproporção entre os efetivos policiais foi mais um fator a consolidar a impressão de que o solitário serial killer não andava, afinal de contas, tão só entre as árvores e arbustos. Ainda assim, foi abatido.

Para a polícia, porém, não restam dúvidas de que Lázaro era satanista.

Já a família não fala no assunto. O pai do maníaco, Edenaldo Barbosa Magalhães, 57 anos, disse ao Correio Braziliense lamentar que o filho fosse ‘um monstro da pior espécie’. A mãe, Eva Maria de Souza, 51, após a morte, afirmou apenas que ‘a dor é cada dia pior”.

No fim das contas, a passagem de Lázaro Barbosa pela Terra trouxe muito sofrimento – e não apenas para os parentes. Foram pelo menos sete as vítimas do maníaco em sua incursão pelos arredores de Brasília e interior de Goiás. Sem contar a dor que ele causou antes, quando morava na Bahia.

Olhando por esse ângulo, o único vitorioso – sou obrigado a reconhecer – foi mesmo o diabo.  

*Amaro Alves foi repórter de polícia até se aposentar, em 2009; vive atualmente em Belém (PA), de onde escreve com exclusividade para oacreagora.com

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