Carta aberta ao governador Cameli: ‘tempo é tudo que o senhor não tem’

O jornalista Jorge Natal escreveu nesta terça-feira (9) uma ‘carta aberta’ ao governador Gladson Cameli, com exortações sobre o que considera o maior erro cometido pelo governo até aqui: a falta de políticas capazes de alavancar o desenvolvimento do Acre e garantir emprego e renda à população.

Leia a íntegra do texto a seguir:

“Prezado governador,

Talvez eu tenha demorado para escrever este texto. Mas, se for o tempo de Deus, é o momento apropriado. Sei que o senhor é cheio de ocupações, portanto, vou direto ao assunto, que é o seu governo e consequentemente o destino dos acreanos.

Depois de 20 anos de enganação econômica, culto a personalidades, corrupção e desmandos em praticamente todos os setores do estado, renovamos as esperanças elegendo o senhor. Eu não vou me ater a erros ou acertos pontais. Vou, sim, criticar aquilo que considero equívocos e ações desnecessárias, bem como apontar possíveis soluções.

O senhor tinha como carro-chefe de campanha, e depois no início do governo, o tal agronegócio. Esse termo se restringe à uma pequena faixa de terra (leste do Estado), que, embora seja necessária para alavancar a agricultura, jamais será a redenção da nossa economia. Nessa região, a pecuária já é consolidada, não obstante o fato de que as culturas da soja e do milho, entre outras, precisam de um prazo dilatado para se consolidarem.

E tempo, governador, é tudo que o senhor não tem. No primeiro ano, deu-se um desconto porque era necessário para “arrumar a casa”. No segundo, a sua gestão foi tragada pelo advento da Covid-19. Por sinal, o seu governo é exitoso e bem avaliado nesse quesito. Agora, neste terceiro ano, as cobranças começam a eclodir, embora a maioria dos seus assessores afirmem que o governo é “um dos mais bem avaliados do país”.

O senhor poderia me contrapor dizendo assim: “Natal, agora, neste verão, vamos transformar o Acre num canteiro de obras”. Serão tantos recursos assim? É verdade que o governo federal tem essa intenção, porém a crise econômica impedirá parte desse ímpeto investidor. E mais: obras criam postos de trabalho transitórios. Precisamos executar Políticas de Estado que gerem emprego e renda permanentes. Isso seria o tão sonhado desenvolvimento, ou seja, a melhoria na qualidade de vida dos acreanos.    

Mas quais seriam essas POLÍTCAS DE ESTADO? As agroindústrias, governador. É só potencializar as nossas culturas vocacionais, que estão bem definidas no Zoneamento Econômico/Ecológico (ZEE). Agroindústria, agroindustrialização ou autodesenvolvimento estão explicadas num texto que eu enviei para o Flávio, assim que ele assumiu a Casa Civil. Em tempo: parabéns pela escolha e deixe-o coordenar o governo.

Com essa proposta econômica, transformada em ações e naturalmente em divulgação, o seu governo terá um novo rumo, uma ideologia e muita, mas muita praxe política, o que garantiria um restante de governo exitoso e uma inevitável reeleição.

Eu conheço o senhor: és filho do Eládio e sobrinho do Orleir. O povo está esperando. Tens a vontade e as condições para fazer e acontecer. O senhor foi chamado para vencer, portanto, desperte. O nosso grande desafio são as companhias. Não dá pra viver o novo caminhando com pessoas que não evoluíram. É hora de ir para uma nova fase do seu governo, que será outra etapa, criando novas perspectivas que vislumbrará novos horizontes.

Jorge Natal”

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