O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), deve disputar o governo do Acre em 2026 — com ou sem o apoio do atual governador Gladson Cameli. A informação foi confirmada por uma fonte interna da prefeitura, que afirmou que Bocalom “não precisa de autorização de ninguém para colocar o nome à disposição”.

Apesar do silêncio de Gladson sobre o cenário eleitoral, a tendência é que ele apoie a atual vice-governadora Mailza Assis, que assumirá o governo quando ele deixar o cargo para concorrer ao Senado.

Mailza, filiada ao PP, terá a caneta na mão, o comando da máquina pública e o apoio – até agora – de 14 prefeituras, incluindo as duas maiores do estado: Cruzeiro do Sul, governada por Zequinha Lima, e, em tese, também a própria capital, já que seu correligionário Alyson Bestene assumirá a prefeitura com a eventual renúncia de Bocalom.

Mesmo assim, o entorno do prefeito acredita que ele pode viabilizar sua candidatura e chegar ao segundo turno. O que alimenta essa confiança são dois fatores: seu histórico eleitoral e os índices atuais de aprovação de sua gestão.

Em 2006, ele concorreu ao governo pelo PSDB e obteve 11,11% dos votos válidos, ficando em terceiro lugar, atrás de Binho Marques (PT), eleito no primeiro turno. Em 2010, Bocalom enfrentou Tião Viana (PT) e perdeu por margem apertada: 50,51% a 49,18%. Em 2014, tentou novamente, dessa vez pelo DEM, e terminou em terceiro lugar, com 19,61% dos votos válidos.

A virada veio em 2020, quando venceu a eleição para a Prefeitura de Rio Branco, derrotando a então prefeita Socorro Neri no segundo turno, com 62,85% dos votos. Em 2024, foi reeleito no primeiro turno com 54,82%, consolidando-se como uma das maiores lideranças políticas do estado.

As pesquisas, por ora, mostram o senador Alan Rick (União Brasil) em vantagem. Levantamento do Instituto Real Time Big Data, contratado pela TV Gazeta, aponta Rick com 35% das intenções de voto, contra 23% de Bocalom e 14% de Mailza.

Apesar da liderança, analistas reconhecem que Alan corre o risco de perder fôlego até a eleição, já que não dispõe de apoio das maiores prefeituras do Acre e nem da máquina estadual para sustentar o crescimento. Mailza tem a estrutura política; Bocalom, a vitrine da capital. Alan, por enquanto, só os números das pesquisas.

Torcida pela união

Consultado pela reportagem, o atual secretário de Comunicação da Prefeitura de Rio Branco, Ailton Oliveira, disse defender fervorosamente a candidatura de Bocalom ao governo. “Como cidadão acreano, acredito que Bocalom precisa ser candidato ao governo, porque se não for, o Estado nunca vai se desenvolver como já aconteceu com Rondônia e Goiás, por exemplo”, afirmou.

Ailton lembrou que esteve com o atual prefeito em todas as suas tentativas de chegar ao Palácio Rio Branco, tendo, em 2003, largado emprego na capital para assessorá-lo em Acrelândia — renúncia que, na época, lhe custou uma redução salarial significativa.

“Por enquanto, porém, o foco do Bocalom é a gestão de Rio Branco. A capital está com as ruas estruturadas, a iluminação pública deu um salto de qualidade e temos obras em andamento, como os viadutos, que vão desafogar o trânsito em pontos-chave”, acrescentou.

Ele diz torcer pela união da direita nas eleições — clamor que, por enquanto, encontra resistência por parte de Mailza Assis e Alan Rick.

Sobre o desempenho nas pesquisas, o secretário destacou que Bocalom nunca largou na frente. “Em 2020, ele saiu em quarto lugar para vencer a eleição”, lembrou.

Ailton citou ainda que 56% dos moradores de Rio Branco aprovam a gestão do atual prefeito, o que, segundo ele, é um indicativo claro da força eleitoral de Bocalom.

Apesar da firmeza no apoio, Ailton evitou comentar a posição do sucessor, Alyson Bestene, caso Bocalom renuncie ao mandato.

Se isso ocorrer de fato, por uma questão partidária, é esperado que Alyson apoie Mailza.