O senador Marcio Bittar (União Brasil-AC) fez duras críticas ao que considera práticas contraditórias e inconsistentes dentro dos poderes Legislativo e Judiciário em discurso proferido da tribuna do Senado Federal na última semana. Em sua fala, Bittar levantou questionamentos sobre a ética de parlamentares envolvidos em corrupção e chamou a atenção para as disparidades salariais de juízes e conselheiros do Tribunal de Contas, que, segundo ele, recebem valores superiores ao teto constitucional.
Bittar iniciou seu discurso atacando a incoerência que vê na postura de alguns parlamentares. “Como é que o presidente de um poder, que é o poder legislativo, pratica a corrupção, sendo ele quem faz as leis? Isso é uma contradição, não é?”, questionou o senador, destacando que aqueles responsáveis por legislar deveriam ser exemplos de integridade, e não protagonistas de escândalos de corrupção.
Além disso, Bittar fez referência à questão dos altos salários pagos a magistrados e conselheiros do Tribunal de Contas, ressaltando que muitos recebem remunerações acima do limite estabelecido pela legislação. “Sempre me chamou atenção que os juízes geralmente recebem muito mais do que o teto. A mesma fala do senador Sérgio Moro, que eu respeito, serve para isso. Como é que o Tribunal de Contas, que fiscaliza as contas de todo mundo, tem conselheiros que ganham muito mais do que o teto?”, indagou.
O senador também direcionou críticas aos próprios juízes, responsáveis por zelar pela Constituição, mas que, segundo ele, desrespeitam a lei ao ultrapassarem o limite salarial imposto pelo teto constitucional. “Como é que os juízes, que são responsáveis por zelar pela Constituição, passam por cima da lei do teto? A lei do teto hoje é mais uma piada.”
O discurso de Bittar reflete um crescente debate sobre a necessidade de reformar e revisar a aplicação do teto salarial no serviço público, especialmente em relação às carreiras jurídicas e aos conselheiros de tribunais. A crítica se alinha a discussões sobre privilégios no serviço público e a busca por maior transparência e moralidade na gestão dos recursos públicos.
O senador finalizou sua fala pedindo mais seriedade e responsabilidade por parte dos gestores e servidores públicos, argumentando que a atual realidade “descredibiliza as instituições e gera descrença por parte da população”.