As quatro cidades mais violentas do Acre, segundo levantamento

A 3ª edição do Cartografias da Violência na Amazônia, um projeto desenvolvido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Mãe Crioula (IMC), foi publicada nesta semana. O levantamento analisa dados sobre criminalidade, segurança pública e ilegalidades na Amazônia Legal, incluindo o Acre, destacando tendências e desafios para o combate à violência na região.

De acordo com o estudo, o Acre apresentou uma redução de 9,7% na taxa de mortes violentas intencionais (MVI) entre 2022 e 2023, alcançando a menor taxa de mortalidade entre os estados da Amazônia Legal: 25,8 mortes por 100 mil habitantes em 2023. Contudo, a violência no estado é heterogênea, com variações significativas entre os municípios. No triênio 2021-2023, as taxas oscilaram de 5,0 por 100 mil habitantes em Santa Rosa do Purus a 57,9 em Brasileia.

Os municípios mais violentos

Brasileia lidera o ranking das cidades mais violentas do estado no período, com uma taxa média de MVI de 57,9 por 100 mil habitantes. O estudo atribui o alto índice à disputa entre facções rivais, como o Comando Vermelho e a B13, apoiada pelo PCC.

Brasileia, a 256 km da capital, foi eleita a mais violeta do Estado/Foto: Reprodução

A localização estratégica para o tráfico de drogas e o contrabando de pessoas, por ser uma cidade fronteiriça com a Bolívia, também agrava a situação. Em outubro de 2024, o município foi tema de um evento binacional para discutir o combate a crimes transnacionais.

Assis Brasil, também na fronteira, ocupa o segundo lugar com 49,6 mortes por 100 mil habitantes. A cidade é um importante corredor para o tráfico na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia. Apesar de ser dominada pelo Comando Vermelho atualmente, já foi palco de intensos conflitos entre facções.

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Na terceira posição está Senador Guiomard, com 40,4 mortes por 100 mil habitantes no triênio. Apesar de uma redução significativa de 42,8% entre 2022 e 2023, o município segue entre os mais violentos devido ao domínio absoluto do Comando Vermelho, o que reflete um padrão mais estável de controle territorial.

Assis Brasil, na fronteira com o Peru ocupa o 2º lugar no ranking/Foto: Reprodução

Epitaciolândia, vizinha de Brasileia, aparece em quarto lugar, com 39,3 mortes por 100 mil habitantes. A cidade também é afetada pelos conflitos entre facções e pela proximidade com a Bolívia, sendo uma das poucas onde o Comando Vermelho ainda não alcançou a hegemonia completa.

Ameaças às populações tradicionais

Além dos índices de violência, o levantamento chama atenção para a crescente influência do Comando Vermelho no Acre e seus impactos sobre indígenas, ribeirinhos e extrativistas. O crime organizado tem avançado sobre territórios desses grupos, promovendo aliciamento e práticas opressivas que ameaçam as formas tradicionais de vida na região.

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