“Aquele gosto amargo…”

– Qual o seu nome? – perguntei ao garçom.

– Francisco. – respondeu.

– Francisco, um chopp, meia porção de calabresa acebolada e o cinzeiro, por favor.

Sou de um tempo em que se podia fumar nos bares. Uma tremenda falta de educação, admito, mas que não era visto como tal à época.

Enquanto esperava alguns amigos, me concentrei na música que estava rolando, sem perceber ou prestar atenção nos “habitantes” das mesas ao lado. O toca-fitas do boteco tocava Daniel na Cova dos Leões, da Legião Urbana. Umas das mais belas canções de uma das melhores bandas de rock brasileiro que já existiu.

Carrego até hoje em dia o hábito de chegar antes do horário marcado. Em compromissos de trabalho e, principalmente, nos “mais importantes”, como os encontros etílicos, por exemplo. Naquela tarde, contudo, a espera foi muito prazerosa, ao som do inesquecível e imortal Renato Russo.

O líder da Legião Urbana, Renato ‘Russo’ Manfredini Júnior, nasceu no Rio de Janeiro em março de 1960, aos sete anos de idade foi morar em Nova York, em decorrência de uma transferência profissional do seu pai. Aos 13 a família retorna ao Brasil e vai morar no Distrito Federal.  Aos 15, Renato enfrentou uma rara doença óssea, o que o deixou um longo tempo entre a cama e cadeira de rodas. Foi quando começou a compor compulsivamente em casa. Nesse período, ele criava movimentos e bandas imaginários.

Em 1972, Renato Russo criou a banda Aborto Elétrico e em 1982 nasce umas das mais icônicas bandas de rock do país. A Legião Urbana surgiu quando Renato se juntou a Marcelo Bonfá, Eduardo Paraná e Paulo ‘Paulista’ Guimarães.  Aproximadamente um ano após ao surgimento da banda, Paulista e Paraná deixam a formação original e Dado Villa-Lobos assume a guitarra.

Em 1985 a banda lança o seu primeiro álbum e a partir dali nasceriam os mais marcantes discos do rock nacional. Em 1993 Renato segue carreira solo e lança, no ano seguinte, o álbum The Stonewall Celebration Concert. Em 1996, aos 36 anos de idade, Renato Russo fecha a cortina da vida, vítima da AIDS. Ele descobriu a doença em 1989, mas nunca a assumiu publicamente.

Ainda hoje, quase 30 anos após a sua morte, as canções de Renato Russo figuram nas playlists de pessoas de todas as idades. Adolescentes, que não o conheceram em vida, se juntam aos milhões de fãs Brasil afora e fazem aumentar a cada dia o enorme fã clube do poeta, comprovando a máxima de que música boa não tem idade.

A rapaziada chegou, a música mudou, pedi outra rodada de chopp, uma dose de Campari para acompanhar e puxei o debate.

– Qual a melhor banda de rock brasileiro de todos os tempos? – perguntei.

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