Apenas 68% dos lares têm coleta de lixo no Acre; capital segue entre piores em saneamento

O Acre segue entre os estados brasileiros com os piores índices de saneamento básico e cobertura de serviços essenciais. Dados da PNAD Contínua 2024, divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE, mostram que apenas 68,4% dos domicílios do estado têm o lixo recolhido diretamente por serviço de limpeza — o segundo pior resultado do país, atrás apenas do Maranhão (64,3%).

Apesar da posição desfavorável, houve leve avanço em relação a 2016, quando a cobertura era de 65,9%. A pesquisa revela, no entanto, um cenário de desigualdade: enquanto nas áreas urbanas 83,4% dos lares têm coleta regular, nas zonas rurais o índice despenca para apenas 8%. Nessas regiões, a maioria da população ainda precisa recorrer à queima do lixo (74%) ou ao descarte em caçambas comunitárias (8,7%).

A precariedade se repete no saneamento básico. De acordo com o Ranking do Saneamento 2025, divulgado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados, Rio Branco ocupa a 97ª posição entre os 100 municípios mais populosos do país, mantendo o mesmo desempenho registrado no levantamento anterior. A capital acreana está entre as oito capitais com piores indicadores, ao lado de Recife (PE), Maceió (AL), Manaus (AM), São Luís (MA), Belém (PA), Macapá (AP) e Porto Velho (RO).

O estudo avalia três dimensões: nível e melhoria do atendimento, além da eficiência dos serviços. Enquanto cidades como Campinas (SP), Limeira (SP) e Niterói (RJ) lideram o ranking, Rio Branco permanece entre os piores resultados, refletindo problemas históricos de investimentos e cobertura. Segundo o levantamento, os 20 municípios com melhor desempenho investiram, entre 2019 e 2023, R$ 176,39 por habitante — valor apenas 20% inferior ao recomendado pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB).

No extremo oposto, os 20 piores municípios, incluindo Rio Branco, aplicaram em média R$ 78,40 por habitante no mesmo período, montante 65% abaixo do necessário para atingir as metas do Novo Marco Legal do Saneamento.

O Instituto Trata Brasil ressalta que os indicadores gerais do país parecem ter caído em relação à edição anterior, mas essa diferença está ligada à atualização metodológica após a divulgação do Censo 2022, que corrigiu projeções populacionais, e não necessariamente a uma piora real na prestação dos serviços.

Os dois levantamentos — do IBGE e do Trata Brasil — reforçam a urgência de políticas públicas mais eficazes para ampliar a cobertura de saneamento básico e coleta de resíduos no Acre, sobretudo em áreas rurais, onde os índices permanecem críticos e afetam diretamente a saúde, a qualidade de vida e o desenvolvimento socioeconômico.

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