O endividamento das famílias brasileiras atingiu um novo recorde em outubro, conforme dados divulgados pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). O índice alcançou 79,5% das famílias, o maior patamar registrado desde o início da série histórica em 2010.
O cenário é ainda mais preocupante quando se observa que 30,5% das famílias estão inadimplentes, e 13,2% declaram não ter condições de quitar suas dívidas. Além disso, 49% das famílias possuem débitos em atraso há mais de 90 dias, indicando uma tendência crescente de inadimplência.
Rita Mundim, comentarista de Economia da CNN Brasil, destaca que há a “necessidade de conscientização” e a pesquisa liga sinal de alerta para a economia nacional.
“As famílias brasileiras estão ficando a cara do país. Quando você gasta mais do que arrecada de uma forma recorrente, vai para o endividamento”, afirma.
O aumento do endividamento reflete um modelo de crescimento econômico fundamentado na expansão do crédito, em um contexto de taxa Selic em 15% ao ano, explica Mundim.
A comentarista ressalta que este cenário, combinado com estímulos ao crédito e distribuição de benefícios sociais, impulsiona o consumo, porém de forma não sustentável.
“Este modelo entrega renda, crescimento da economia, mas ele é cruel porque é baseado no endividamento e estimula a tomada de crédito. Você não pode estimular crédito com a Selic a 15%”, diz.
Mundim lembra que o período atual demanda especial atenção, considerando a proximidade de eventos como a Black Friday e o Natal, momentos tradicionalmente marcados pelo aumento do consumo.
Para ela, é fundamental compreender que crédito não representa aumento de renda, e seu uso deve estar condicionado à capacidade real de pagamento.
