A verdade sobre a harmonização facial


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Insistir no conceito de harmonização facial é cruel com o paciente
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Insistir no conceito de harmonização facial é cruel com o paciente

Para se entender o que é harmonização facial precisamos voltar no tempo. A história começa no ano de 2001 quando Stephen Marquardt, um cirurgião plástico da Califórnia, criou uma “máscara da beleza” e a batizou de máscara de Phi. O nome Phi é uma alusão ao escultor grego Phidias, que teria esculpido as estátuas de Zeus e Atenas. As medidas da máscara teoricamente obedeciam às proporções áureas, que são conceitos matemáticos. Segundo Marquardt, existe uma lógica nas métricas do rosto e, se obedecidos esses cálculos, o rosto torna-se belo. Ele então sobrepunha a máscara ao rosto do paciente e tudo que estivesse em desacordo com o molde precisava ser corrigido. O que sobrava, ele retirava cirurgicamente e o que faltava, preenchia.

Coincidentemente (ou não), nessa mesma época, chegava ao mercado americano o ácido hialurônico injetável. O interesse nesse novo produto era enorme porque ele viria a substituir os preenchedores disponíveis até então, que eram definitivos ou então derivados de colágeno de boi, que causavam alergias e rejeições.

Vejam então o cenário: os pacientes precisavam ser harmonizados e existia ali um molde de beleza com o produto ideal para arrumar o erro divino. Quem ganha nessa história? Você, com certeza, não foi. Aliás, todos nós que somos miscigenados, bem como os asiáticos, indígenas e africanos também não fomos. Um rosto asiático, por exemplo, nunca teria as mesmas medidas e proporções de um rosto tipicamente africano e, na verdade, as diferenças é que tornam os povos típicos.

Durante muitos anos, os dermatologistas pesquisadores estudaram essa máscara e a conclusão foi a de que ela representava um rosto europeu típico e não havia nada de matemático ali. Tratava-se não mais do que uma estratégia de marketing bem-sucedida e servia aos interesses de quem vendia preenchedores.

Insistir no conceito de harmonização facial (as vezes disfarçada de individualização, valorização do seu melhor etc) é cruel com o paciente porque cria uma legião de frustrados com a própria aparência. Não há problema nenhum em se preencher, inclusive alguns rostos ficam melhores depois do ácido hialurônico. O que não se pode é exigir um padrão estético e tornar a pessoa refém dele. 

Na última semana atendi uma paciente que me procurou porque saiu de um dermatologista com a indicação de 16 seringas de ácido hialurônico. A justificativa era que o seu rosto fino não era harmônico. Ela entrou na consulta para avaliar uma pinta na testa e saiu sentindo-se feia. A proposta do colega surgiu quando ela perguntou o que ele achava que ela poderia fazer para ficar mais bonita. Você leitor, nunca faça essa pergunta ao seu dermatologista. Você pode cair numa cilada porque nesse momento está vulnerável ao ideal de beleza do médico ou do profissional da saúde. Além de que os instintos mercantis do médico podem influenciar também o seu critério de beleza. A minha dica é ir sempre ir à consulta com a definição exata do que te incomoda e, se ele for sério, vai te examinar e dizer o que pode ser feito. Se você ainda não tem definido o que te incomoda, adie a consulta. Você só tem a ganhar com isso.

E o futuro? Gosto sempre de lembrar que o futuro é cheio de passado e o passado nos diz que modas vem e vão. Certamente essa moda da harmonização facial se vai e eu espero que em breve.

Fonte: IG SAÚDE

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