Moradores do Papoco participaram de uma audiência pública na Câmara Municipal para tratar do processo de desocupação da área onde vivem há décadas. O encontro foi promovido pelo vereador Fábio Araújo (MDB) e reuniu representantes da prefeitura, do Ministério Público do Acre (MPAC) e lideranças comunitárias.
Durante a reunião, o secretário municipal de Assistência Social, João Marcos Luz, afirmou que o local é considerado insalubre e foi condenado pela Defesa Civil. Segundo ele, a maioria dos moradores já manifestou interesse em deixar a área e aderir ao projeto Mil e Uma Dignidades, que prevê novas moradias em locais adequados.
“Nosso levantamento mostra que 95% dos moradores querem sair. Não é possível defender que as pessoas continuem em uma área com risco de desmoronamento e esgoto a céu aberto. Estamos criando uma comissão com a participação da Defesa Civil, Ministério Público, Defensoria e outros órgãos para garantir uma transição segura e respeitosa”, disse o secretário.
O promotor Thales Ferreira, do Ministério Público do Acre, ressaltou que o diálogo é essencial para que a decisão leve em conta a vontade e a dignidade das famílias. Ele destacou que o MP não tem o papel de impor soluções, mas de garantir que os direitos sejam respeitados.
“O Ministério Público é a favor do diálogo e do respeito à moradia adequada. Quem deve decidir o que é melhor são os próprios moradores, e nosso papel é evitar qualquer forma de desrespeito ou violência institucional”, afirmou.
Representantes da comunidade aproveitaram o espaço para demonstrar insatisfação com a possível transferência para o bairro Rosa Linda, localizado em uma região mais distante. O presidente da associação de moradores, Welliton Pinheiro, pediu que o poder público cumpra as promessas feitas à comunidade.
“Vivemos aqui há muitos anos. Temos escola, creche e trabalho perto. O que pedimos é que a prefeitura cumpra o que prometeu: melhorar o bairro, reformar as escadarias e garantir saneamento. Não queremos sair do Papoco”, declarou.
Ele também criticou a falta de diálogo da Secretaria de Assistência Social.
“O secretário nunca veio conhecer nossa realidade. Aqui moram pessoas de bem, trabalhadoras. O Papoco faz parte da história de Rio Branco”, completou.
A audiência foi encerrada com o compromisso de manter as conversas abertas e de formar uma comissão com representantes dos moradores e de órgãos públicos para acompanhar o processo.
