Quaest: 80% dos moradores do Rio acreditam que chefes de facções estão em bairros ricos

A pesquisa realizada pelo instituto Genial/Quaest, divulgada nesta segunda-feira (03), revelou que 80% dos moradores do Rio de Janeiro acreditam que os responsáveis pelo poder das facções criminosas estão localizados nos bairros ricos da cidade, e não nas favelas. O estudo foi feito após a megaoperação nos Complexos do Alemão e da Penha, que deixou 121 mortos e é considerada a mais letal da história.

O levantamento, que ouviu 1.500 pessoas entre os dias 30 e 31 de outubro, também revelou uma série de questões que apontam a desconfiança da população em relação à atuação das autoridades. Segundo a pesquisa, 78% dos entrevistados acreditam que o problema da criminalidade no Rio não está apenas na ação das facções, mas também na falha do sistema de Justiça: para o mesmo percentual, a polícia prende, mas a Justiça solta os criminosos, perpetuando o ciclo de violência e impunidade.

Esse sentimento de impunidade reflete uma realidade mais complexa, na qual as facções não apenas dominam o tráfico de drogas, mas também exercem influência sobre outros mercados ilegais. A pesquisa apontou que 56% dos entrevistados acreditam que as facções lucram mais com atividades como transporte irregular (vans), pirataria de sinal de internet e venda de combustível adulterado do que com o tráfico.

No campo político, 82% dos moradores do Rio acreditam que líderes de facções ajudam a eleger deputados e, por isso, dificilmente são presos. A relação entre política e crime organizado segue sendo um ponto crítico na percepção da população, que vê as facções não apenas como um problema de segurança pública, mas também como um poder político paralelo que dificulta o combate efetivo ao crime.

Confiança na PM subiu após operação

Outro dado relevante é a percepção sobre o papel da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). Para 62% dos entrevistados, a corporação está cooptada por milícias e facções, o que contribui para a perpetuação da violência e da impunidade. Apesar disso, a pesquisa mostra que a confiança na PM subiu após a operação. Em novembro de 2023, 65% diziam confiar na PM; neste novo levantamento, o índice chega a 72%.

A maioria da população (59%) apoia o uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) pelo governo federal, como ocorreu em 2018, em um esforço para conter a violência. Outros temas também dividiram opiniões, como o aumento da pena para homicídios a mando de organizações criminosas, respaldado por 85% dos entrevistados, e a proposta de enquadrar facções como grupos terroristas, que teve 72% de apoio.

O levantamento ainda abordou temas polêmicos, como o uso de câmeras corporais por policiais (apoiado por 81%) e a adoção da pena de morte para crimes graves, aprovada por 58% dos entrevistados. Por outro lado, a proposta de flexibilização do porte de armas não teve apoio: 72% se posicionaram contra.

Por fim, em relação às possíveis soluções para a violência, 59% acreditam que a legalização das drogas não resolveria o problema. Para eles, a saída passa por uma ação mais integrada entre polícia, Justiça e sociedade, além de uma revisão urgente das políticas públicas no estado.

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