IFI vê cenário menos otimista para 2026 e risco de descumprimento da meta

A IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado projeta um crescimento econômico menos otimista para 2026 em relação ao cenário apresentado pelo governo federal. O relatório divulgado nesta quinta-feira (17) prevê que o PIB (Produto Interno Bruto) do ano que vem vai crescer 1,7%.

A projeção do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB para o ano que vem é de 2,4%. A previsão também consta no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual), enviado pela equipe econômica ao Congresso Nacional.

De acordo com a IFI, o menor ritmo de crescimento da economia é consequência da política monetária contracionista do Banco Central, do arrefecimento da demanda interna, da moderação do crédito e do menor impulso fiscal.

O PIB do Brasil cresceu 3,4% em 2024. Para este ano, a projeção é de 2,3%.

Em relação à inflação, a previsão da IFI também difere da apresentada no PLOA. Para o ano que vem, a instituição projeta que o ano de 2026 fechará com IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 4,3%.

Por outro lado, a equipe econômica prevê que a inflação deve recuar para 3,6%, convergindo para o centro da meta em 2027.

Na avaliação da IFI, as divergências nas projeções alimentam incertezas sobre a factibilidade de o governo atingir a meta fiscal de um superávit primário de
0,25% do PIB, ou R$ 34,3 bilhões, no exercício de 2026.

“Dadas as incertezas em relação à materialização de montante expressivo de receitas no próximo ano, novas fontes de arrecadação podem ser necessárias para garantir o cumprimento formal da meta de resultado primário fixada para 2026. A possibilidade de enfraquecimento da economia, em função da política monetária restritiva, configura um risco adicional para as receitas primárias no ano que vem”, diz o documento.

Em 2026, a IFI projeta um déficit primário efetivo de R$ 103 bilhões (0,7% do PIB). Para o atingimento do centro da meta almejado pelo PLOA 2026, seria necessário um esforço adicional de R$ 79,3 bilhões, ou seja, de 0,55% do PIB, segundo o relatório.

Além disso, para a instituição, é necessário um superávit primário de 2,1% do PIB para estabilizar a relação entre dívida pública e PIB no cenário de médio e longo prazo.

O Relatório de Acompanhamento Fiscal de setembro também aponta como elementos de “incertezas” do PLOA de 2026 os seguintes itens, que dependem da aprovação do Congresso:

● Medida Provisória nº 1.303/2025: tributação de aplicações financeiras antes isentas, aumento da tributação sobre fintechs e bets, controle de utilização dos créditos tributários)
● PLC nº 182/2025: revisão de benefícios tributários;
● PL nº 1087/2025: amplia a isenção do imposto de renda das faixas de menor renda e estabelece compensações para que o efeito fiscal seja neutro.

“As receitas esperadas dependerão do grau de desidratação das propostas originais enviadas pelo governo. Ainda, no plano administrativo, duas receitas importantes não são líquidas e certas na dimensão projetada: as transações tributárias e a alienação do direito à apropriação do excedente do óleo da União”, avalia a IFI.

A IFI também vê com otimismo a projeção de parte das despesas previstas no PLOA, principalmente as previdenciárias e assistenciais.

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