A cidade de Pacaraima, em Roraima, voltou a enfrentar uma crise na fronteira com a Venezuela, desta vez provocada por apreensões de veículos. Desde agosto, a Receita Federal intensificou operações contra carros de venezuelanos em situação irregular no Brasil. Pelo menos 50 veículos já foram recolhidos e permanecem em um pátio a céu aberto, que moradores da região chamam de “cemitério de carros”.

A medida atingiu em cheio a economia local. De acordo com o presidente da Associação Comercial de Pacaraima, João Kleber Soares Borges, empresários e políticos foram pegos de surpresa, já que a fiscalização teria sido iniciada sem aviso prévio, após anos de tolerância. “Os venezuelanos que antes vinham fazer compras e abastecer seus veículos já não estão vindo mais. Foi instalada aqui uma sensação de temor e medo por parte da Receita Federal aos condutores de veículos venezuelanos”, relatou.

Segundo Borges, a queda no movimento chegou a 95% e já causou prejuízos superiores a R$ 5 milhões em vendas perdidas. Empresas começaram a demitir funcionários, cortar despesas e cogitam até mudar de cidade ou encerrar atividades. O problema afeta também estudantes que vivem em Santa Elena de Uairén, no lado venezuelano, e que dependem do transporte de veículos particulares para frequentar escolas no Brasil.

A gravidade da situação levou a Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio e Indústria de Roraima a enviar um documento ao senador Mecias de Jesus (Republicanos). O presidente da entidade, Eduardo Bayma Oestreicher, pediu a mediação do parlamentar em busca de diálogo e ressaltou que a manutenção da convivência pacífica na fronteira é vital para a segurança e a economia regionais. “A sensibilidade para com a situação desses residentes não é apenas uma questão humanitária, mas também uma estratégia inteligente para garantir a estabilidade e as boas relações bilaterais”, destacou.

Fonte: CNN