O Acre está entre os seis estados da Amazônia Legal com maiores índices de violência sexual contra crianças e adolescentes, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (14) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Em 2023, o estado registrou 163,7 casos de estupro para cada 100 mil pessoas de até 19 anos.
O levantamento mostra que, entre 2021 e 2023, foram registrados na Amazônia Legal mais de 38 mil casos de estupro e estupro de vulnerável, além de quase 3 mil mortes violentas intencionais, como homicídios, feminicídios, latrocínios e mortes decorrentes de ações policiais. A taxa de violência sexual na região, em 2023, foi de 141,3 casos por 100 mil crianças e adolescentes — 21,4% acima da média nacional (116,4).
As taxas mais altas estão em municípios próximos a fronteiras (166,5 casos por 100 mil). Meninas de 10 a 14 anos que vivem em áreas rurais são as mais vulneráveis, com taxa de 308 casos por 100 mil habitantes. No Acre, como em toda a Amazônia Legal, 81% das vítimas de estupro são pretas ou pardas, 17% brancas e 2,6% indígenas.
O Unicef alerta também que crianças e adolescentes negros da região têm três vezes mais chances de morrer de forma violenta do que brancos. Entre adolescentes de 15 a 19 anos em áreas urbanas, o risco de violência letal é 27% maior que no restante do país. O estudo aponta que 91,8% das vítimas de ações policiais eram negras.
A situação dos povos indígenas é considerada crítica: houve aumento de 151% nos casos de violência sexual, com 94 mortes violentas registradas no período. Entre meninas indígenas de 10 a 14 anos, a taxa chega a 731,7 casos por 100 mil habitantes.
O documento ainda registra 10.125 casos de maus-tratos na Amazônia Legal entre 2021 e 2023, sendo 94,7% praticados por familiares e 67,6% ocorrendo dentro de casa, principalmente contra meninas negras de 5 a 9 anos.