Ultimamente vocês têm vindo a este site, horas vendo minha cara, lendo minhas crônicas e nelas um pouco do que vejo, mas muito do que sinto, passei um tempo sumido pelas correrias dos dias, mas sempre que puder, aqui estarei. Mas, depois de alguns parágrafos postados, textos e opiniões, nada mais justo que eu me apresentar da mesma forma, segue entre linhas escritas e reescritas várias vezes, um pouco de quem eu sou e da minha trajetória até aqui.
Nasci entre despedidas. Meus pais já haviam se separado quando respirei pela primeira vez, e isso nunca foi um trauma, foi apenas meu primeiro contato com a vida como ela é. Cresci nos anos 90, numa época em que lágrimas eram sinônimo de fraqueza, dor era “frescura” e bullying somente “brincadeira de criança”. Aprendi a engolir o choro por necessidade, não por escolha, desde cedo entendi o sabor amargo de não pertencer.
Apaixonei-me, casei e seria pai. Acreditava estar escrevendo, enfim, meu final feliz.
Mas a vida não segue roteiros. Ela rasga páginas sem aviso. Um problema de saúde arrancou minha esposa de mim, não a levou, mas a deixou suspensa entre o silêncio e o suspiro. Ela ficou. Eu fiquei sozinho. Minha filha, ainda um bebê, foi levada por um destino que não me pediu opinião. Cresceu longe dos meus braços, dos meus cheiros, das minhas histórias noturnas.
Quando pensei que já havia sofrido o suficiente, um acidente quase me matou. Era para ser o fim, mas sobrevivi — com uma cicatriz na testa, como uma assinatura da vida: “Você vai lembrar que resistiu.”
Veio outro golpe: perdi a guarda da minha filha. Não por falta de amor, mas por uma justiça que, às vezes, é apenas lei, não equidade. Mesmo assim, ousei amar de novo. Casei… tive outra filha. Dessa vez, pensei, seria diferente. Mas o tempo, as dificuldades, os desgastes… tudo escorreu por entre meus dedos outra vez. Cinco anos depois, estava só. De novo! Pai sem colo, homem sem lar completo.
Tentei me levantar. Duas vezes! A vida respondeu com algemas. Fui preso. Mas não fui quebrado.
Por um instante, vislumbrei um recomeço, o emprego dos sonhos, um sorriso que teimava em voltar. Mas, me tiraram isso também. E então, vieram as perguntas sem respostas, o desespero mudo, o peso de existir quando tudo parecia pedir o contrário.
Já fui fraco. Já fui forte.
Já chorei escondido e já sorri sem motivo.
Já amei até doer e fui amado até me esquecer de mim.
Já errei. Já pedi perdão.
Já fui tolo. Já fui sábio.
Já me perdi no deserto e já me encontrei no meio do caos.
E ainda assim… ainda assim… Estou aqui!
Não desisti. Não vou desistir.
Minha história não é feita de vitórias fáceis. É feita de cicatrizes que sussurram: “Você sobreviveu.” É feita de quedas que ensinaram mais do que qualquer triunfo. Se a vida insiste em me derrubar, é porque sabe que eu me levanto.
Sempre me levanto!