Quatro mulheres de baixa renda foram assassinadas no Acre entre janeiro e junho deste ano, em crimes classificados como feminicídio pelo Ministério Público do Estado (MPAC). Os dados são do Feminicidômetro, ferramenta de monitoramento da violência de gênero mantida pelo órgão. Três dos casos ocorreram apenas no segundo semestre.
As mortes mais recentes aconteceram na última semana, nos municípios de Senador Guiomard e Capixaba. O perfil das vítimas revela um padrão: todas pertenciam a camadas socioeconômicas vulneráveis, refletindo o recorte mais atingido por esse tipo de crime.
O levantamento aponta que metade das mulheres assassinadas era preta ou parda; a outra metade, branca. As idades variavam entre 15 e 49 anos — uma adolescente, uma jovem de 25 a 29 anos e duas mulheres entre 40 e 49.
Todos os feminicídios registrados este ano ocorreram em contexto de relacionamento íntimo: dois cometidos por ex-companheiros, um por companheiro atual e outro por namorado.
Violência doméstica recorrente
A análise de longo prazo reforça o padrão. De 2018 até junho de 2025, foram 81 feminicídios no estado. Em 91% dos casos, o crime aconteceu dentro de casa ou em ambientes familiares. A maioria dos agressores tinha vínculo direto com a vítima: companheiros (34), ex-companheiros (14) e namorados (9).
No mesmo período, o Acre também contabilizou 158 tentativas de feminicídio — situações em que as vítimas sobreviveram, mas carregam as marcas da violência.