Militares do Acre estão entre os menos remunerados do país, ocupando a 22ª posição no ranking nacional de salários para praças e a 24ª para oficiais. A insatisfação com a defasagem salarial levou representantes da categoria a se reunirem na Assembleia Legislativa do Estado para debater o tema e cobrar valorização.
Durante o encontro, o subtenente Carlinho Morais destacou que, desde 2015, não há negociações salariais efetivas. Ele apontou uma defasagem salarial de 54%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e afirmou que a falta de reajustes impacta diretamente a qualidade do serviço prestado. “Não adianta ter melhor carro, melhor armamento, melhor farda, se o militar que está na rua não tem valorização”, ressaltou.
O sargento Sóstenes, tesoureiro da Associação dos Praças da Polícia Militar, criticou a ausência de um Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR), explicando que a progressão na carreira militar ocorre principalmente por promoções, mas os aumentos salariais são pequenos. Ele defendeu a criação de um PCCR que garanta dignidade e crescimento profissional aos militares.
A dificuldade nas promoções também foi abordada pelo deputado Gene Diniz (Republicanos), presidente da Comissão de Segurança. Segundo ele, em turmas de 600 militares, muitas vezes apenas 20 são promovidos, o que torna urgente a implementação de uma progressão horizontal para beneficiar um maior número de profissionais.
O deputado Emerson Jarude (Novo) criticou a falta de prioridade do governo na valorização dos militares. Para ele, o problema não é a falta de recursos, mas a má alocação dos gastos públicos. Ele citou a contratação de aviões para a Secretaria de Esportes como exemplo de despesa desnecessária, enquanto os profissionais da segurança enfrentam salários defasados e dificuldades estruturais.
O debate na Assembleia Legislativa reforça a insatisfação crescente entre os militares acreanos, que reivindicam reajustes salariais e melhores condições de carreira para continuar atuando na segurança pública do estado.