Com os gastos extras necessários para combater a pandemia de Covid-19 e seus efeitos econômicos, a dívida pública federal fechou o ano de 2020 em R$ 5 trilhões, maior valor já registrado. Relatório divulgado nesta quarta-feira (27) pelo Tesouro Nacional aponta que a dívida federal cresceu R$ 760,7 bilhões no ano passado.
O valor é resultado do aumento de gastos para combater a economia. O dado ainda não foi fechado, mas o rombo nas contas públicas no ano passado superou R$ 700 bilhões. O buraco precisa ser coberto com emissão de títulos no mercado, o que fez a dívida aumentar.
O número se trata apenas da dívida do Tesouro e não inclui Banco Central , estados e municípios.
“O combate à pandemia ampliou consideravelmente os gastos públicos, aumentando a necessidade de financiamento do governo federal. Neste contexto, o Tesouro atuou de forma a garantir os recursos necessários para o pagamento das despesas extraordinárias, respeitando as condições de mercado e utilizando disponibilidades de caixa acumuladas nos últimos anos”, diz o relatório do Tesouro.
O Tesouro cobrou a continuidade da agenda de reformas para melhorar os indicadores da dívida: “Os desafios enfrentados em 2020 tornaram ainda mais clara a relevância da continuidade da agenda de reformas estruturais capazes de promover a sustentabilidade fiscal necessária para se alcançar melhorias, no médio prazo, nos indicadores de composição e estrutura de vencimentos da dívida”.
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O aumento do nível de endividamento obrigou o governo a mudar o perfil da dívida no ano passado, num movimento que levou à redução dos prazos dos títulos oferecidos pelo Tesouro. Foi uma tentativa de reduzir a taxa de juros , já que os títulos mais longos estavam com juros mais altos ao longo do ano.
O prazo médio de vencimento da dívida pública saiu de 3,97 anos em dezembro de 2019 para 3,57 um ano depois.
O Tesouro destaca que a dívida mantém-se predominantemente doméstica. Do total da dívida pública, apenas R$ 243,5 bilhões é de dívida externa. Na dívida interna, são instituições financeiras (29,6%), seguido por fundos de investimentos (26%), previdência (22,6%) e não residentes (9,2%).
Para 2021, o governo estabeleceu que a dívida deve variar entre R$ 5,6 trilhões e R$ 5,9 trilhões.