Há dias em que sair do trabalho e parar no boteco antes de ir para casa se torna quase uma questão de sobrevivência. É essencial para aliviar o estresse do dia e se preparar para chegar em casa “mais leve”, sereno e sem levar os problemas profissionais para o lar. Naquela terça-feira não foi diferente. Parei no Bar do Bigode e, após pedir uma Brahma e uma porção de calabresa acebolada, comecei a prestar atenção no som que estava rolando: “Bete Balanço”, do Barão Vermelho.

— Porra, Bigode, caprichou no som hoje — elogiei.

Ele, sempre econômico nas palavras e sorrisos, apenas levantou ligeiramente a sobrancelha em sinal de agradecimento.

Isso me fez lembrar de um debate que tive com um amigo sobre as cinco maiores bandas de todos os tempos. Na ocasião, minha lista incluía os Beatles em primeiro lugar, seguidos pelos Rolling Stones, Creedence Clearwater Revival, The Doors e Pink Floyd.

Ao ouvir o clássico do Barão Vermelho, me perguntei quais seriam as cinco maiores bandas de rock brasileiro se a discussão fosse sobre bandas nacionais. Então, pedi ao dono do bar:

— Bigode, me traz uma dose de Seleta Ouro e aumente um pouco o som, por favor.

Era necessário algo mais forte para mergulhar no rock nacional. Para encabeçar a lista, não tive dúvidas, mas depois vieram várias outras Brahmas e Seletas. Eis a minha lista, levando em consideração a importância histórica, o que cada uma delas representou para o rock brasileiro e, claro, o gosto pessoal, mesmo sabendo da subjetividade deste último:

Titãs

Formada em São Paulo em 1982, a banda começou com um estilo pop-rock alternativo e, ao longo de mais de 40 anos, incorporou gêneros variados como new wave, punk rock, grunge, MPB e música eletrônica. Uma das bandas de rock mais bem-sucedidas do Brasil, vendeu mais de 6,3 milhões de álbuns e colaborou com artistas renomados nacionais e internacionais. Recebeu um Grammy Latino em 2009 e ganhou o Troféu Imprensa de melhor banda quatro vezes. Sua formação original incluía Branco Mello, Sérgio Britto, Tony Bellotto, Ciro Pessoa, André Jung, Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer, Nando Reis, Charles Gavin e Paulo Miklos.

Barão Vermelho

Após assistir a um show do Queen no Morumbi, em São Paulo, Guto Goffi e Maurício Barros decidiram formar uma banda. Em outubro de 1981, os dois estudantes do Colégio da Imaculada Conceição, no Rio de Janeiro, escolheram o nome Barão Vermelho em referência ao aviador alemão Manfred von Richthofen. A formação inicial contava também com o baixista Dé Palmeira e o guitarrista Frejat. Os ensaios eram realizados na casa dos pais de Maurício, e, após tentativas com Leo Jaime para vocalista, a banda foi completada pelo genial Cazuza.

Legião Urbana

Formada em Brasília em 1982 por Renato Russo e Marcelo Bonfá, com Dado Villa-Lobos e Renato Rocha completando a formação, a banda se tornou uma das mais icônicas do rock nacional. O grupo encerrou suas atividades em 1996, após a morte de Renato Russo, em 11 de outubro.

Os Paralamas do Sucesso

Formada em 1982 no estado do Rio de Janeiro, a banda conta atualmente com Herbert Vianna (vocal e guitarra), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria). Originalmente, combinava rock e reggae e, posteriormente, diversificou seu som ao incluir instrumentos de sopro e ritmos latinos, conquistando fãs mundo afora.

Blitz

Formada em 1981 no Rio de Janeiro, a Blitz foi uma das precursoras do rock nacional. A formação original incluía Evandro Mesquita, Ricardo Barreto, Guto Barros, Júnior Homrich, Zé Luiz e Lobão. A formação mais clássica consistia em Evandro Mesquita, Ricardo Barreto, Lobão, Fernanda Abreu, Márcia Bulcão, Pedro Fortuna e Billy Forghieri. Devido às constantes blitz policiais enfrentadas a caminho dos ensaios, o baterista Lobão sugeriu o nome Blitz para a banda, imortalizando um dos grupos de rock mais bem-sucedidos da história do Brasil.

Neste momento, estava tocando “Rodo Cotidiano” do inesquecível O Rappa.

— Bigode, qual banda brasileira de rock você mais gosta? A saideira e a conta, por favor.