Politicagem e Achismo – Os dois grandes males do serviço público brasileiro

O serviço público no Brasil é fundamental para o funcionamento do país, uma vez que é responsável por prover serviços essenciais à população. No entanto, dois grandes males têm afetado negativamente a eficiência e a qualidade desse setor: a politicagem e o achismo. Neste texto, iremos explorar essas duas questões, discutindo como elas interferem no serviço público brasileiro e apresentando possíveis soluções para combatê-las.

Politicagem: quando interesses pessoais se sobrepõem ao bem comum

A politicagem é um fenômeno que ocorre quando interesses políticos e pessoais se sobrepõem ao interesse público. Ela se manifesta de diversas formas no serviço público brasileiro, desde a indicação de pessoas despreparadas para cargos importantes até o uso da máquina governamental em benefício próprio.

Um dos principais problemas da politicagem é a falta de critérios técnicos na nomeação de cargos. Muitas vezes, pessoas sem qualificação adequada são indicadas para posições-chave apenas por motivos políticos, resultando em baixa eficiência e incompetência na gestão pública. Isso compromete a qualidade dos serviços prestados à população e gera um ciclo vicioso de ineficiência.

Além disso, a politicagem também contribui para a corrupção e a impunidade. Quando o interesse pessoal está acima do bem comum, é comum vermos casos de desvios de recursos públicos, favorecimento de empresas e tráfico de influência. Essas práticas prejudicam diretamente a sociedade e minam a confiança no serviço público.

Achismo: quando opiniões substituem o conhecimento técnico

O achismo é outro mal que assola o serviço público brasileiro. Ele se caracteriza pela prevalência de opiniões infundadas e desinformação em detrimento do conhecimento técnico. Muitas vezes, decisões importantes são tomadas com base em suposições e crenças pessoais, ignorando evidências e especialistas.

No âmbito político, o achismo pode levar a políticas públicas ineficazes e desperdício de recursos. Quando gestores públicos tomam decisões com base em suas próprias convicções, sem embasamento técnico, o resultado é o fracasso de programas e ações governamentais importantes. Isso prejudica a eficiência do serviço público e compromete a qualidade de vida da população.

Além disso, o achismo também afeta a burocracia do serviço público. Muitas vezes, processos e procedimentos são estabelecidos com base em suposições e opiniões, sem uma análise detalhada e embasada. Isso gera entraves desnecessários e burocracia excessiva, dificultando a realização de tarefas e prejudicando a eficiência do setor público.

Soluções para combater a politicagem e o achismo

Para combater a politicagem e o achismo no serviço público brasileiro, é preciso adotar medidas efetivas. Algumas possíveis soluções incluem:

1. Fortalecimento dos critérios técnicos na nomeação de cargos: é fundamental estabelecer critérios claros e objetivos para a escolha de gestores e servidores públicos, valorizando a competência técnica e a experiência profissional.

2. Investimento em capacitação e formação: é necessário promover a qualificação contínua dos servidores públicos, por meio de programas de capacitação e formação, garantindo que eles estejam preparados para lidar com os desafios do serviço público.

3.Transparência e accountability: é essencial promover a transparência na gestão pública, garantindo o acesso à informação e criando mecanismos de accountability. Isso inclui a adoção de sistemas de controle interno e externo, bem como a punição efetiva de casos de corrupção e desvio de recursos.

4. Valorização da expertise técnica: é importante incentivar a participação de especialistas e profissionais qualificados na formulação de políticas públicas, garantindo que as decisões sejam embasadas em evidências e conhecimento técnico.

5. Estímulo à participação cidadã: é fundamental envolver a sociedade no processo de tomada de decisões do serviço público, por meio de consultas públicas, audiências e canais de participação. Dessa forma, é possível evitar o achismo e garantir que as políticas estejam alinhadas com as necessidades e demandas da população.

6. Fortalecimento dos órgãos de controle: é necessário fortalecer os órgãos de controle, como o Ministério Público e os Tribunais de Contas, para que possam atuar de forma independente e efetiva na fiscalização das ações do governo e no combate à corrupção.

7. Educação e conscientização: investir em educação cívica e conscientização sobre a importância do serviço público é crucial para combater a politicagem e o achismo. É necessário desenvolver uma cultura de valorização do interesse público e da ética na administração pública.

A politicagem e o achismo são grandes males que afetam o serviço público brasileiro, comprometendo sua eficiência e qualidade. Para superar esses desafios, é necessário adotar medidas sérias e efetivas, como fortalecer critérios técnicos na nomeação de cargos, investir em capacitação e formação, promover transparência e accountability, valorizar a expertise técnica, estimular a participação cidadã, fortalecer os órgãos de controle e promover educação e conscientização. Somente com ações concretas é possível construir um serviço público mais eficiente, ético e voltado para o interesse público.

*Adriano Marques de Almeida é Comissário de Polícia Penal do Estado do Acre, Membro da Associação Internacional de Polícia – IPA, Doutorando em Ciências Jurídicas pela Faculdade do Museu Social da Argentina, Master of Business Administration – MBA em Diplomacia, Políticas Públicas e Cooperação Internacional pela Faculdade Intervale, Master of Business Administration – MBA em Administração Pública pela Faculdade Facuminas, especialista em Crime Scene Ivestigation – CSI pela Faculdade Faculeste, especialista em Inteligência Policial, Direito, Segurança Pública e Organismo Policial pela Faculdade Iguaçu e Bacharel em Direito pela Uninorte.

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