Uma pesquisa conduzida pelo professor associado da Fundação Dom Cabral e colunista do portal Valor Econômico, Bruno Carazza, revelou que quase 60% dos juízes do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) receberam salários superiores aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2022.
Os dados foram extraídos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e destacam que, apesar do percentual, o TJAC apresenta a menor proporção de magistrados com supersalários entre todos os Tribunais de Justiça do Brasil.
A pesquisa aponta que em sete estados, incluindo Alagoas, Amapá, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina e Sergipe, todos os juízes ganharam mensalmente mais do que os R$ 41,6 mil destinados aos membros do STF. No TJAC, que conta com 50 juízes titulares e 13 substitutos, o percentual de juízes com salários superiores aos ministros do STF é inferior à média nacional.
O estudo também analisou outras cortes, como o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, que abrange o Acre e outros 11 estados, onde quase 66% dos juízes receberam supersalários. No Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, atuando no Acre e em Rondônia, quase 80% dos juízes foram contemplados com salários elevados.
Apesar do descontentamento expresso por 73,9% dos magistrados em relação aos seus salários, segundo pesquisa recente do CNJ, Bruno Carazza destaca em seu artigo no Valor Econômico, intitulado “Magistrados perderam o senso de realidade”, que o fato de quase todos os juízes ganharem acima dos integrantes da instância máxima da Justiça brasileira evidencia um distanciamento da magistratura em relação à realidade financeira do país.